terça-feira, 9 de junho de 2015

DIFICULDADES DA VIVÊNCIA EM COMUNIDADES ECOLÓGICAS - Ecovila-comunidade - Quatro dificuldades para aqueles que desejam a vida coletiva - Viver sem a necessidade de dinheiro - A necessidade de aquisição de recursos tecnológicos - Como desenvolver as ações de auto-produção, a fim de atingir o estado de auto-suficiência - Prescindir de quais recursos oferecidos pela inventividade humana ? - Soluções : comunidades auto-suficientes ?, comunismo, anarquismo ? - Transcender o individualismo - A maioria das ecovilas e comunidades são formadas por pessoas provindas das classes média e alta ? - Tendem a ter dificuldade em compartilhar 100% de seus dotes e recursos ? - Ecovilas sociais segmentadas, uma para cada perfil de buscador - Voltar ao sistema consumista, centralizado e estratificado ou rescindir completa e rapidamente com ele ?.... - Algumas destas questões são subjetivas - Enriqueça o texto com seus comentários !!

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DIFICULDADES DE VIVÊNCIA EM COMUNIDADES

Este texto foi inspirado em outra publicação no "blog do ao contrário"




AUTO-CRÍTICA E CAMINHOS A SEREM SEGUIDOS
Não vou fazer uma crítica, mas uma auto-crítica, pois estou metido até o
pescoço nesta luta de fazer a minha parte e estimular a outros que o façam
: desvincular-me deste sistema consumista de bens tecnológicos
imprestáveis, cada vez mais, como um sumidouro; deixar para trás a
individualidade e viver mental e espiritualmente no coletivo; buscar
aumentar o meu atual nível de auto-produção, de auto-suficiência; ficar
mais com a perna e o pé direito no campo, nos ideais concretos do coletivo
e bem menos com o esquerdo na cidade, no consumismo e no individualismo
(todos, em graus diferenciados, exibem esta tendência). Enfim, luto comigo
mesmo e com conceitos equivocados e arraigados na sociedade, assim como
tantos outros e outras. 
Porém, tenho sentido nesta caminhada, neste campo de batalha, muitas
dificuldades. Não exatamente em relação ao sistema econômico/social e
político dominador, mas em relação a mim mesmo e aos grupos que tentam
vivenciar princípios de auto-produção e vida coletiva, tendencialmente "sem
necessidade de dinheiro".


A PRIMEIRA DIFICULDADE : deixar de lado os bons recursos da
tecnologia ?
A primeira dificuldade é a questão : iríamos prescindir dos bons recursos
tecnológicos, como os que possibilitam a comunicação, a música, a obtenção
totalmente limpa de energias e muitos interessantes recursos advindos da
natural inventividade humana ?....Pois o ideal de se viver sem dinheiro dá
esta impressão : que basta trabalharmos pouco para obtermos as necessidades
básicas. Mas, e os bons recursos tecnológicos ?....Duas soluções se
apresentam : vivência e produção de bens e serviços de forma coletiva
(comunista, mesmo) por grupos isolados (comunidades de vivência, e não
simplesmente ecovilas), economicamente viáveis. E a solução definitiva, em
abrangência territorial, que seriam os ideais socialistas e comunistas
implantados livres e conscientemente (ao longo de séculos !!). No entanto,
esta solução possibilita a existência de um poder maior, à mercê da mesma
ganância dominadora, não necessariamente de sede de poder econômico,
mas de poder ideológico, sendo neste sentido um risco. Ou então seria
possível "Um Mundo Sem Governo", anárquico, onde grupos se 
auto-regulariam em mini governos ?....O anarquismo parece uma
contradição, quando observo que na prática (minha reduzida vivência
de tentar formas coletivas de vida e de produção, e observar os resultados
de outras tentativas) - pelo menos no estágio consciencial e espiritual
dos seres humanos da atualidade - são necessárias leis, normas, enfim,
disciplinas, mesmo que aceitas de forma amorosa e livre, para se ter
sucesso em formas de vida ou produção coletivas. A maioria das
ecovilas de vivência - ou outras denominações que se queiram - transitam
por estes questionamentos.

A BARREIRA DO INDIVIDUALISMO
Percebo claramente esta dificuldade : a de que as formas de vivências
coletivas - imprescindíveis à total relação de sustentabilidade com a
natureza - começam às mil maravilhas enquanto a inteligência emocional
positiva atrai as mentes e os corações, formando egrégoras fortes e
atrativas, mas que, com o passar de dias, semanas, meses ou no
máximo anos, são desconstruídas pelas ingerências da inteligência
emocional negativa, pelo apego à posse individual, ou, na melhor
das hipóteses, experimentam constantes transformações
desgastantes e principalmente trocas improfícuas dos seus participantes
(a comunidade permanece, não pela constância dos seus participantes,
mas pelo revezamento de novos que entram e saem).
Em outras palavras : amizade, amor, união no inicio, e desafeto,
individualismo e desunião no final. Como superar esta segunda e terrível
dificuldade ?....Creio que ao longo dos séculos, pelo cultivo das
qualidades espirituais. Não se consegue pela racionalidade ou o medo,
a não ser quando infundidos pelo fundamentalismo(religiões
mais ortodoxas) e pelo totalitarismo(estados impositivos).

TENDÊNCIA A MANTER O PADRÃO DAS CLASSES MÉDIA E ALTA ?
Uma terceira dificuldade que estou estes dias(na verdade nos últimos meses)
"sentindo" é que a vanguarda, a classe pioneira que oferece esta nova forma
de vida em relação à sociedade e em relação à natureza, é a classe média e
rica, em sua maioria, como um sub-produto da necessidade de iluminação
promovida pela aquisição do conhecimento : as universidades que, no Brasil,
ainda infelizmente, formam uma maioria de jovens das classes média e alta.
Tudo bem : eles são como que a pupila dos meus olhos, e os amo, pois
são ainda maioria nesta luta de transformação de valores da sociedade,
mas estes olhos parecem ter a maior dificuldade em não se considerarem
especiais por terem  a cor de suas pupilas azuis. Me refiro que o apego ao
padrão social de suas famílias, à dependência ao condicionado status de
comodidades e aos liames quase que indissociáveis de suas origens
culturais, os impedem de compartilharem economicamente 100% de 
seus dons e  habilidades, natas ou adquiridas pelo estudo. Desta forma,
ecovilas e comunidades são ainda relativamente elitistas, devendo seus
membros se esforçarem ao máximo para superarem esta barreira.
Na prática, participantes em comunidades, por exemplo, que tem
momentaneamente baixo poder aquisitivo, mesmo que se tratados como
irmãos e como "somos um", terminam por serem indiretamente usados
como mantenedores dos status daqueles que "sustentam" com dinheiro
obtido em trabalho externo, pelo menos o básico da comunidade.
Sobra para os que trabalham internamente as tarefas mais árduas :
cozinhar, limpar, produzir alimentos e utensílios, construir, etc, embora
realizados, na maioria das vezes, em espírito de alegria. Esta situação
é uma velada réplica do sistema classista da sociedade que tanto
criticamos.
Uma das possíveis soluções para esta dificuldade seria a igualdade de
condições de participação - de difícil realização - ou seja : que todos
trabalhem fora meio dia e todos trabalhem na comunidade o outro meio dia,
ou forma similar de tendência equânime.
Outra possível solução seria primeiramente a conscientização deste estado
precário e, em seguida, a estipulação de um prazo para a comunidade
alcançar o nível de total auto-suficiência, ou seja, muitos abnegarem
de suas profissões no mundo exterior e todos trabalharem e interagirem
nas mesmas frentes, e dedicando basicamente o mesmo tempo.
Numa fase posterior, estas frentes das quais todos participam, podem se
integrar parcialmente ao sistema, ou serem independentes, como produzir
bananas-passa para serem vendidas no mercado comum(parcial interação
econômica coletiva com o sistema externo) e produzir utensílios mais
ecológicos que são trocados com outras comunidades em sintonia de ideais
(interação econômica coletiva restrita a grupos afins).
A quase total dependência de recursos econômicos advindos de atividades
educativas, tais como cursos e oficinas - característica marcante das
comunidades e indivíduos alternativos da atualidade - precisa deixar
de ser prioridade, pois somente a vivência ampla do princípio da
auto-produção(o faça você mesmo), e a obtenção de recursos a partir
de suas sobras, é prova de verdadeira sustentabilidade e de uma bela
vida em harmonia com a natureza.
Uma terceira solução é a que eu estou tentando : chamar os jovens(e muitos
adultos engajados, também !!) para  se integrarem nas comunidades
populares de maneira quase completa, tornando-se elementos destas
comunidades - trocando experiências e  saberes - , ou pelo menos replicando
modelos que representam-nas, integrando-se com os sem-terra, por exemplo.
Desta forma, criam-se grupos de jovens, adultos e anciões alternativos, que
deixaram completamente  para trás as suas classes sociais, e que  lutam
ao lado de outros grupos populares no objetivo da reforma agrária,
a fim de conseguirem terras para a concretização de comunidades e ecovilas
sociais segmentadas, sendo, assim, atendidos os vários perfis dos
buscadores. Outras formas de integração são possíveis.

IMPOSSIBILIDADE DE SE ATINGIR O ESTADO DE AUTO-SUFICIÊNCIA
QUANDO EM INTERAÇÃO COM O SISTEMA ECONÔMICO CONVENCIONAL
Por falar em auto-produção - e decorrente auto-suficiência - desponta aqui a
quarta dificuldade : a prática atual está me provando que tentar este
estado(o de auto-suficiência) em conexão parcial com o sistema vigente
na sociedade é impossível, e termina por ocorrer o contrário (como na
intenção do blog com link acima !!) : eu, em minha tentativa atual de
concretizar o estado de auto-suficiência, preciso de mais tempo que
um trabalhador registrado para me manter e manter os meus meios
de produção : não é fácil trabalhar por conta e subsistir economicamente
nesta sociedade, mesmo economizando e nada gastando com bens
supérfluos, pois os meios de produção necessários à interação
comunidade-sistema (transporte, comunicação, máquinas, ferramentas
ou suprimentos, mesmo que simples) exigem que se trabalhe muito
para ganhar dinheiro e supri-los. O mesmo ocorre em uma comunidade
que produz coletivamente em sinergia com o sistema. Portanto, interagir 
economicamente com a sociedade convencional, e concomitantemente
conseguir sobras de recursos e de tempo, é um mito e uma ilusão.
Esta quarta dificuldade deve ser superada da mesma forma que as
anteriores : primeiramente, pela sua compreensão e aceitação e, em
segundo lugar, pela tomada da decisão de apressar o desligamento de
trabalhar com uma das pernas atrelada à economia da sociedade
tradicional, e a outra em acanhadas atividades de auto-produção.
Enfim, atingir o mais rápido possível a meta da auto-suficiência
(individual, familiar(muito difíceis), ou coletiva).

VOLTAR AO SISTEMA OU RESCINDIR COM ELE
Na prática, ocorre que as comunidades com aparente sucesso
sempre absorvem recursos(energias) do sistema exterior, através
da prática de todos, ou de alguns dos seus membros, em utilizarem-se
da "mais valia" - incluindo a trabalhista - transferindo-a
para a comunidade. Um erro palpável que precisa ser evitado e
mais um motivo para todos se apressarem e se definirem : ou voltam
para o sistema estratificado em suas classes, e consumista
(mesmo que ocultado por acanhadas ações de "consumo sustentável
e consciente"), ou rescindem mais rapidamente com ele.

Luiz A. V. Spinola - junho/2015

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Leia outros artigos relacionados, como "economia compartilhada",
ou : "é possível um mundo sem dinheiro ?", procurando nos
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15 comentários:

  1. Saudações meu amigo Luis! Estou a caminho! Paz Gente do Bem!

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    1. Oi Fátima !!....Sim, estamos a caminho, e que nossos caminhos nunca se cruzem, mas um dia se encontrem lado a lado e permaneçam paralelos para sempre !!

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  2. Parabéns Luiz! Suas colocações ou questões são realmente importantes. Acredito também que, para que haja um convivio em harmonia, deve sempre ser incentivada a expressão do que cada um espera desse ou nesse convívio. Independente do respeito às diferenças de opiniões, certas normas são necessárias, como as que vc já referiu, pois integram melhor os afins. Abraços

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    1. Olá Rosani !!....Creio que a realidade é bem mais complexa que as colocações que fiz. Por descuido não acrescentei ao titulo : "considerações a respeito...."....Vou repetir aqui a resposta que te passei no Facebook :...."Sim, antes de mais nada, que se afinem as expectativas e tudo se esclareça. A vida em comum, buscada por um grupo de pessoas, é como um casamento coletivo. Uma das condições pra tudo dar certo é a clareza das intenções e dos direitos e deveres diante dos outros e das outras com quem cada um "se casou" !!...., além, é claro, do "amor""....Esta forma de expressão foi inspirada na Ecovila Tibá, aqui de São Carlos. Eles comparam os diversos estágios de conhecimento e aproximação do pretendente com a comunidade-ecovila, com os passos entre a paquera, o namoro, o noivado e o casamento, obedecendo-se um tempo para cada estágio. Esta estratégia aumenta as possibilidades de que tudo dará certo. Abração !!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Esse link é uma ótima referencia ou exemplo dos problemas e soluções possíveis num convívio comunitário:
    http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/Artigo-Ecovila-Mudancas-Ecovila-Viver-Simples-Itamonte-MG.html

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    1. O mesmo que está no Face : "Tive vários contatos com a Neli, aproximadamente entre os anos 2006 e 2009. Ela é espetacular e me lembro que nos identificamos na maioria das questões. Super enriquecedor o link que vc ofereceu para as experiências vivenciadas e conselhos da Neli Correa e da Ecovila Viver Simples. Muita gratidão" !!

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    2. E você chegou a solicitar algo sobre as tais normas que regem a ecovila viver simples? Afinal, mesmo que se pretenda viver feliz pra sempre, em caso de separação ou mudança de planos, como fica o direito sobre moradia, se é que é esse o sistema que lá vigora?

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  5. LINKS PARA A ECOVILA VIVER SIMPLES - Ely Amorim de Brito - O DIREITO À MORADIA E À PROPRIEDADE

    Rosani, me desculpa !!....Acima, disse que havia tido em 2009 vários contatos com Neli Correa. O correto é Ely Amorim de Brito. Pesquisando em meus emails, encontrei por enquanto, uma conversa que tivemos (e com o amigo Fred Caju) sobre a criação de moeda solidária, ou social, e que publiquei no grupo Ambiente Ecológico. Lá, vc encontra os links da Viver Simples enviados pela Ely de Brito :
    https://groups.google.com/forum/#!searchin/ambienteecologico/Ecovila$20Viver$20Simples|sort:relevance/ambienteecologico/r0AYiRBp0dE/EGxddfvh8bAJ

    OS LINKS PARA A VIVER SIMPLES, SÃO :
    www.viversimples.com.br ou
    http://ecovilaviversimples.ning.com/
    A Ely sempre foi muito prestativa para colaborar com grupos que desejassem fundar ecovilas ou promoverem a economia solidária. Esteve sempre disposta a informar sobre seus estudos, conclusões e vivências. Creio que atualmente a Ecovila Viver Simples - certamente agora com um número maior de participantes - está com seu site em funcionamento e continuam à disposição para colaborarem.

    A SUA PERGUNTA SOBRE O DIREITO À MORADIA - Quanto a isso, não entendi muito bem a sua pergunta, mas no caso de separação de cônjuge a que se referiu, creio que a Ely indique seguir as leis vigentes. Quanto ao direito à propriedade, há ecovilas que comunitarizam suas terras em nome de uma associação e há outras que organizam um loteamento imobiliário convencional e criam um condomínio com regras internas que dizem respeito aos espaços coletivos da ecovila. Níveis mais profundos de convivência social geralmente são regidos por regras informais, construídas pela maioria dos membros. (as ecovilas, propriamente ditas, não possuem níveis mais profundos de relacionamento. Já as ecovilas-comunidades, sim). As ecovilas ou comunidades não oficializadas, ou seja, as informais, se estiverem estabelecidas em terras de particulares, devem pelo menos assinarem um contrato de arrendamento especial com o proprietário(os) da terra (comodata, etc), de tal forma a garantirem uma permanência por longos anos, ou então serem ecovilas-comunidades ligadas a instituições espiritualistas, religiosas ou mesmo culturais. Neste caso, geralmente o direito à terra e à moradia devem ser CLARAMENTE dispensados pelos participantes, movidos pela característica da abnegação e desprendimento de bens materiais. Sou simpático a esta última opção, pois especialmente a terra - um bem natural como a água, o ar e a luz do sol - continua permanentemente à disposição de quem dela gosta e precisa, e deixa de ser motivo de acumulação de bens, produção centralizada ou especulação.

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  6. OPINIÕES DE ELY BRITO SOBRE A QUESTÃO DA PROPRIEDADE DA TERRA ONDE DEVE SER CONSTRUÍDA UMA ECOVILA
    Conhecendo o espírito de compartilhamento da amiga Ely, acrescento abaixo uma parte de um email onde ela orienta um amigo de Brasília :

    "Lhe aconselho a pedir pela internet o Livro da Diana Leafe “Creating a Life Together”, uma antropóloga que estudou varias ecovilas de sucesso e seus problemas. Vai entender o quanto é importante essa parte da razão social e legal de uma ecovila.
    Nosso romantismo acredita que estamos lidando com pessoas especiais, que nunca vão criar problemas, e daí os idealizadores de ecovilas afrouxam na parte legal. Muitas terminam por isso. Ela relata nesse livro, casos reais de pessoas que perderam sua ecovila com a entrada de pessoas descontroladas emocionalmente, que se apresentavam como excelentes parceiras, leis fracas não conseguiram proteger o projeto e perderam tudo para essas pessoas que sabem criar intrigas .
    Se quer mesmo defender o patrimônio de todos, não faça associações. Não lhe aconselho também a fazer sistema de cotas, a nossa ecovila está agora tentando resolver problemas sérios criados por esse sistema. Te aconselho a criar lotes grandes de terra, vender a gleba permitida pelo seu estado a cada um dos futuros parceiros e trabalharem juntos em um projeto ecovila. Como parceiros, nunca como co-proprietários. Quando os problemas vierem, e acredite, virão, todos estão em suas terras e podem não mais seguir o projeto que permanece inteiro e aberto a novos parceiros.
    Hoje eu faria isso. As ecovilas no Brasil que usaram esse sistema estão ótimas, progredindo sem atritos, mas no sistema de co-propriedade, as pessoas entram no que a Diana chama de Síndrome de Fundador -, e o padrão que move essa síndrome é: “ Paguei, sou tão dono quanto você e quero do meu jeito!”. Esse padrão fere o próprio principio de uma ecovila, mas somos humanos, e o mais puro dos mortais se torna um rebelde quando entra em assunto; a posse, o querer, o interesse pessoal... essa é a verdade.
    Procure ler primeiro esse livro antes de se decidir.
    Boa sorte! Espero ter ajudado.
    Ely

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  7. Sobre a minha pergunta a respeito dos direitos em caso de separação ou mudança de planos, me referi à sua alusão sobre o convívio numa comunidade, de que é como um "casamento" coletivo. E, quanto aos direitos e deveres em caso de falta de afinidade com a proposta estabelecida, com certeza a opção para que não haja proprietários da terra é a mais indicada. Muito grata pelas demais dicas sobre a ecovila

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  8. Seu Luis, muito obrigado por investir seu tempo em compartilhar tão boas reflexões a respeito dessa temática.

    Não tenho muito para contribuir nesse momento, já que estou contemplado pelas diversas ideias aqui apresentadas pelo senhor.
    Só gostaria de reiterar o fato de haver uma barreira "invisível" e por muitas vezes "imperceptível" que separa os movimentos alternativos de pessoas mais necessitadas. Existe um grande buraco entre esses dois grupos que precisa ser preenchido com compaixão, igualdade e respeito. Quando estiverem ligados serão juntos um só grupo que irradiará luz aos corações de todos que necessitam ajudar e que necessitam de ajuda.

    Gratidão pelo texto, fique bem por aí amigo Luis!
    Força na luta, vamo que vamo!

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