terça-feira, 9 de junho de 2015

DIFICULDADES DA VIVÊNCIA EM COMUNIDADES ECOLÓGICAS - Ecovila-comunidade - Quatro dificuldades para aqueles que desejam a vida coletiva - Viver sem a necessidade de dinheiro - A necessidade de aquisição de recursos tecnológicos - Como desenvolver as ações de auto-produção, a fim de atingir o estado de auto-suficiência - Prescindir de quais recursos oferecidos pela inventividade humana ? - Soluções : comunidades auto-suficientes ?, comunismo, anarquismo ? - Transcender o individualismo - A maioria das ecovilas e comunidades são formadas por pessoas provindas das classes média e alta ? - Tendem a ter dificuldade em compartilhar 100% de seus dotes e recursos ? - Ecovilas sociais segmentadas, uma para cada perfil de buscador - Voltar ao sistema consumista, centralizado e estratificado ou rescindir completa e rapidamente com ele ?.... - Algumas destas questões são subjetivas - Enriqueça o texto com seus comentários !!

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DIFICULDADES DE VIVÊNCIA EM COMUNIDADES

Este texto foi inspirado em outra publicação no "blog do ao contrário"




AUTO-CRÍTICA E CAMINHOS A SEREM SEGUIDOS
Não vou fazer uma crítica, mas uma auto-crítica, pois estou metido até o
pescoço nesta luta de fazer a minha parte e estimular a outros que o façam
: desvincular-me deste sistema consumista de bens tecnológicos
imprestáveis, cada vez mais, como um sumidouro; deixar para trás a
individualidade e viver mental e espiritualmente no coletivo; buscar
aumentar o meu atual nível de auto-produção, de auto-suficiência; ficar
mais com a perna e o pé direito no campo, nos ideais concretos do coletivo
e bem menos com o esquerdo na cidade, no consumismo e no individualismo
(todos, em graus diferenciados, exibem esta tendência). Enfim, luto comigo
mesmo e com conceitos equivocados e arraigados na sociedade, assim como
tantos outros e outras. 
Porém, tenho sentido nesta caminhada, neste campo de batalha, muitas
dificuldades. Não exatamente em relação ao sistema econômico/social e
político dominador, mas em relação a mim mesmo e aos grupos que tentam
vivenciar princípios de auto-produção e vida coletiva, tendencialmente "sem
necessidade de dinheiro".


A PRIMEIRA DIFICULDADE : deixar de lado os bons recursos da
tecnologia ?
A primeira dificuldade é a questão : iríamos prescindir dos bons recursos
tecnológicos, como os que possibilitam a comunicação, a música, a obtenção
totalmente limpa de energias e muitos interessantes recursos advindos da
natural inventividade humana ?....Pois o ideal de se viver sem dinheiro dá
esta impressão : que basta trabalharmos pouco para obtermos as necessidades
básicas. Mas, e os bons recursos tecnológicos ?....Duas soluções se
apresentam : vivência e produção de bens e serviços de forma coletiva
(comunista, mesmo) por grupos isolados (comunidades de vivência, e não
simplesmente ecovilas), economicamente viáveis. E a solução definitiva, em
abrangência territorial, que seriam os ideais socialistas e comunistas
implantados livres e conscientemente (ao longo de séculos !!). No entanto,
esta solução possibilita a existência de um poder maior, à mercê da mesma
ganância dominadora, não necessariamente de sede de poder econômico,
mas de poder ideológico, sendo neste sentido um risco. Ou então seria
possível "Um Mundo Sem Governo", anárquico, onde grupos se 
auto-regulariam em mini governos ?....O anarquismo parece uma
contradição, quando observo que na prática (minha reduzida vivência
de tentar formas coletivas de vida e de produção, e observar os resultados
de outras tentativas) - pelo menos no estágio consciencial e espiritual
dos seres humanos da atualidade - são necessárias leis, normas, enfim,
disciplinas, mesmo que aceitas de forma amorosa e livre, para se ter
sucesso em formas de vida ou produção coletivas. A maioria das
ecovilas de vivência - ou outras denominações que se queiram - transitam
por estes questionamentos.

A BARREIRA DO INDIVIDUALISMO
Percebo claramente esta dificuldade : a de que as formas de vivências
coletivas - imprescindíveis à total relação de sustentabilidade com a
natureza - começam às mil maravilhas enquanto a inteligência emocional
positiva atrai as mentes e os corações, formando egrégoras fortes e
atrativas, mas que, com o passar de dias, semanas, meses ou no
máximo anos, são desconstruídas pelas ingerências da inteligência
emocional negativa, pelo apego à posse individual, ou, na melhor
das hipóteses, experimentam constantes transformações
desgastantes e principalmente trocas improfícuas dos seus participantes
(a comunidade permanece, não pela constância dos seus participantes,
mas pelo revezamento de novos que entram e saem).
Em outras palavras : amizade, amor, união no inicio, e desafeto,
individualismo e desunião no final. Como superar esta segunda e terrível
dificuldade ?....Creio que ao longo dos séculos, pelo cultivo das
qualidades espirituais. Não se consegue pela racionalidade ou o medo,
a não ser quando infundidos pelo fundamentalismo(religiões
mais ortodoxas) e pelo totalitarismo(estados impositivos).

TENDÊNCIA A MANTER O PADRÃO DAS CLASSES MÉDIA E ALTA ?
Uma terceira dificuldade que estou estes dias(na verdade nos últimos meses)
"sentindo" é que a vanguarda, a classe pioneira que oferece esta nova forma
de vida em relação à sociedade e em relação à natureza, é a classe média e
rica, em sua maioria, como um sub-produto da necessidade de iluminação
promovida pela aquisição do conhecimento : as universidades que, no Brasil,
ainda infelizmente, formam uma maioria de jovens das classes média e alta.
Tudo bem : eles são como que a pupila dos meus olhos, e os amo, pois
são ainda maioria nesta luta de transformação de valores da sociedade,
mas estes olhos parecem ter a maior dificuldade em não se considerarem
especiais por terem  a cor de suas pupilas azuis. Me refiro que o apego ao
padrão social de suas famílias, à dependência ao condicionado status de
comodidades e aos liames quase que indissociáveis de suas origens
culturais, os impedem de compartilharem economicamente 100% de 
seus dons e  habilidades, natas ou adquiridas pelo estudo. Desta forma,
ecovilas e comunidades são ainda relativamente elitistas, devendo seus
membros se esforçarem ao máximo para superarem esta barreira.
Na prática, participantes em comunidades, por exemplo, que tem
momentaneamente baixo poder aquisitivo, mesmo que se tratados como
irmãos e como "somos um", terminam por serem indiretamente usados
como mantenedores dos status daqueles que "sustentam" com dinheiro
obtido em trabalho externo, pelo menos o básico da comunidade.
Sobra para os que trabalham internamente as tarefas mais árduas :
cozinhar, limpar, produzir alimentos e utensílios, construir, etc, embora
realizados, na maioria das vezes, em espírito de alegria. Esta situação
é uma velada réplica do sistema classista da sociedade que tanto
criticamos.
Uma das possíveis soluções para esta dificuldade seria a igualdade de
condições de participação - de difícil realização - ou seja : que todos
trabalhem fora meio dia e todos trabalhem na comunidade o outro meio dia,
ou forma similar de tendência equânime.
Outra possível solução seria primeiramente a conscientização deste estado
precário e, em seguida, a estipulação de um prazo para a comunidade
alcançar o nível de total auto-suficiência, ou seja, muitos abnegarem
de suas profissões no mundo exterior e todos trabalharem e interagirem
nas mesmas frentes, e dedicando basicamente o mesmo tempo.
Numa fase posterior, estas frentes das quais todos participam, podem se
integrar parcialmente ao sistema, ou serem independentes, como produzir
bananas-passa para serem vendidas no mercado comum(parcial interação
econômica coletiva com o sistema externo) e produzir utensílios mais
ecológicos que são trocados com outras comunidades em sintonia de ideais
(interação econômica coletiva restrita a grupos afins).
A quase total dependência de recursos econômicos advindos de atividades
educativas, tais como cursos e oficinas - característica marcante das
comunidades e indivíduos alternativos da atualidade - precisa deixar
de ser prioridade, pois somente a vivência ampla do princípio da
auto-produção(o faça você mesmo), e a obtenção de recursos a partir
de suas sobras, é prova de verdadeira sustentabilidade e de uma bela
vida em harmonia com a natureza.
Uma terceira solução é a que eu estou tentando : chamar os jovens(e muitos
adultos engajados, também !!) para  se integrarem nas comunidades
populares de maneira quase completa, tornando-se elementos destas
comunidades - trocando experiências e  saberes - , ou pelo menos replicando
modelos que representam-nas, integrando-se com os sem-terra, por exemplo.
Desta forma, criam-se grupos de jovens, adultos e anciões alternativos, que
deixaram completamente  para trás as suas classes sociais, e que  lutam
ao lado de outros grupos populares no objetivo da reforma agrária,
a fim de conseguirem terras para a concretização de comunidades e ecovilas
sociais segmentadas, sendo, assim, atendidos os vários perfis dos
buscadores. Outras formas de integração são possíveis.

IMPOSSIBILIDADE DE SE ATINGIR O ESTADO DE AUTO-SUFICIÊNCIA
QUANDO EM INTERAÇÃO COM O SISTEMA ECONÔMICO CONVENCIONAL
Por falar em auto-produção - e decorrente auto-suficiência - desponta aqui a
quarta dificuldade : a prática atual está me provando que tentar este
estado(o de auto-suficiência) em conexão parcial com o sistema vigente
na sociedade é impossível, e termina por ocorrer o contrário (como na
intenção do blog com link acima !!) : eu, em minha tentativa atual de
concretizar o estado de auto-suficiência, preciso de mais tempo que
um trabalhador registrado para me manter e manter os meus meios
de produção : não é fácil trabalhar por conta e subsistir economicamente
nesta sociedade, mesmo economizando e nada gastando com bens
supérfluos, pois os meios de produção necessários à interação
comunidade-sistema (transporte, comunicação, máquinas, ferramentas
ou suprimentos, mesmo que simples) exigem que se trabalhe muito
para ganhar dinheiro e supri-los. O mesmo ocorre em uma comunidade
que produz coletivamente em sinergia com o sistema. Portanto, interagir 
economicamente com a sociedade convencional, e concomitantemente
conseguir sobras de recursos e de tempo, é um mito e uma ilusão.
Esta quarta dificuldade deve ser superada da mesma forma que as
anteriores : primeiramente, pela sua compreensão e aceitação e, em
segundo lugar, pela tomada da decisão de apressar o desligamento de
trabalhar com uma das pernas atrelada à economia da sociedade
tradicional, e a outra em acanhadas atividades de auto-produção.
Enfim, atingir o mais rápido possível a meta da auto-suficiência
(individual, familiar(muito difíceis), ou coletiva).

VOLTAR AO SISTEMA OU RESCINDIR COM ELE
Na prática, ocorre que as comunidades com aparente sucesso
sempre absorvem recursos(energias) do sistema exterior, através
da prática de todos, ou de alguns dos seus membros, em utilizarem-se
da "mais valia" - incluindo a trabalhista - transferindo-a
para a comunidade. Um erro palpável que precisa ser evitado e
mais um motivo para todos se apressarem e se definirem : ou voltam
para o sistema estratificado em suas classes, e consumista
(mesmo que ocultado por acanhadas ações de "consumo sustentável
e consciente"), ou rescindem mais rapidamente com ele.

Luiz A. V. Spinola - junho/2015

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

UM MUNDO SEM DINHEIRO E O INSTINTO DE APROPRIAÇÃO - É possível Um Mundo Sem Dinheiro ? - A quem pertence o conhecimento - A apropriação atual no mercado de trabalho - Economia solidária e compartilhada - Dinheiro virtual - Propriedade intelectual e artística - Extremas diferenças de salários e ganhos de autônomos, liberais e empresários - "Percebe-se facilmente que o ruim não é o dinheiro, mas o uso que os homens fazem dele"

UM MUNDO SEM DINHEIRO E O INSTINTO DE APROPRIAÇÃO

Foto : Em "Um Mundo Sem Este Dinheiro", as invenções, as descobertas e as criações artísticas e literárias não seriam consideradas propriedades particulares, e sim conquistas de toda a humanidade.



 

É POSSÍVEL UM MUNDO SEM DINHEIRO ?.....

"Muitos ficam aturdidos por tanta ganância, lutas competitivas e
desejo exacerbado pela gastança dos bens materiais, ainda mais quando
estimulados pelas propagandas".

A decepção de muitos é tão grande que preferem descobrir a
possibilidade de viverem em "Um Mundo Sem Dinheiro", motivo da
formação de um grupo no Google, coordenado pela amiga Tatiana Regina, desejo que também compartilho e compreendo como sendo "Um Mundo Sem Este
Dinheiro", ou um mundo onde as pessoas optaram por deixar para trás as
bases instintivas que sustentam quase todo o sistema econômico do
mundo.



O INSTINTO DE APROPRIAÇÃO
Em um mundo sem "este" dinheiro, viveríamos sem o instinto
natural e animal de apropriação.
No caso dos seres humanos, a
apropriação dos recursos da natureza por indivíduos, grupos e nações,
e a apropriação do conhecimento, aparentemente justificam
ganhos com defasagens extremas entre os profissionais detentores de
instrução e os com pouca ou nenhuma instrução. É a apropriação do
conhecimento.




A PRIMEIRA MOEDA
Para entender um pouco mais, vamos voar ao passado e tentar imaginar
como teria sido inventada a primeira moeda e se ela foi uma boa descoberta
para os homens, ou não.

É provável ter sido lá pelas épocas antigas dos faraós, ou antes, no
tempo dos sumérios e acádios, não sei....Mas certamente foi assim : No
início, apenas permutavam suas coisas, serviços e produtos entre
famílias e nas feiras. O José criava galinhas e levava-as para a
feira. Precisando de um couro de boi, ao chegar lá, perguntava ao
curtidor "Você quer trocar um couro com duas das minhas galinhas ?".
Se coincidisse o curtidor estar precisando de galinhas, tudo bem. Mas
geralmente ele redarguia assim "Eu preciso é de um pote de água. Vai
por aí e troca as suas galinhas com um bom pote de água, e depois
volta aqui, que trocamos"....Lá ia o José procurar uma artesã de potes
de barro. Quando a encontrava, até que a coisa não se complicava muito
quando ela aceitava três galinhas por um grande e bonito pote de água.
E José voltava ao curtidor....Que canseira pra conseguir o que
precisava....

Então, alguém criativo daqueles tempos, imaginou criar uma coisa
pequena e valorosa que pudesse representar as muitas coisas que todos
tinham. Deve ter ido lá no patriarca, ou rei, exposto sua ideia, e daí
surgiu a primeira moeda.

O patriarca, vendo que era mais fácil para ele ajuntar moedas de ouro,
comprou de pronto a ideia e a colocou em prática. Todo mundo gostou,
pois facilitou muitíssimo todas as trocas !!






A APROPRIAÇÃO DOS RECURSOS DA NATUREZA
Muito bem !! Mas o problema é que o instinto de apropriação já existia
bem antes de aparecer a primeira moeda, ou dinheiro. Os seres humanos,
assim como os animais, tomam para si e sua família um território e seus recursos.
Sempre fizeram o mesmo. A diferença é que os animais, por restrição
das leis naturais, só se apropriam do território, seus alimentos e
encantos de prazeres. Os homens começaram a se apropriar de mais
coisas, como as terras com árvores de melhores madeiras, as baixadas
com barros especiais, as minas de ferro, ouro, prata e tudo o mais, para além

de suas necessidades. E todas aquelas coisas, apropriadas à força, foram paulatinamente sendo
acumuladas e transferidas de pai para filho, e assim sucessivamente
até os dias atuais.





A APROPRIAÇÃO DA FORÇA DO TRABALHO
Outras apropriações também se fizeram presentes nos desígnios dos mais
fortes : a apropriação dos outros seres humanos, como escravos e
servos. Também como trabalhadores. Tudo era apropriação, assim como
ainda o é até os dias atuais. Apropriação é "tornar algo propriedade
se si", "tornar próprio de si mesmo". Puro e compreensivo instinto
animal !! Este é um dos pilares que sustenta a sociedade moderna.

Parece que não, mas é. Infelizmente, é !!




A APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO
A inteligência foi se desenvolvendo ao longo da história humana.
Conhecimentos e habilidades foram sendo adquiridas, acumuladas e
ensinadas de uma geração para outra. O conhecimento também foi alvo da
apropriação desde o início. Como os mais fortes eram poucos, criou-se
uma distinção entre eles e os restantes. Haviam também os
intermediários. Era o surgimento das classes sociais. E elas existem
até hoje, em certo sentido mais nítidas ainda !! As classes daquele
tempo, assim como as de hoje, viam na posse do conhecimento uma
estratégia para manterem-se no poder, ou melhor, criaram a falsa
ilusão de que aquele que tem mais conhecimento merece ganhar bem mais
que aquele que não tem.
Pode haver uma distinção, sim, a titulo de
estímulo para a aquisição do saber, porém não deveria ser tão distanciada daqueles
que são desprovidos de habilidades e conhecimentos.

Sempre foi assim : quem, na antiguidade, aprendia a profissão de
ferreiro, certamente ganhava bem mais que os simples trabalhadores
braçais. Não porque o ferreiro merecia mais por ter se instruído com
um mestre, mas porque ele pertencia a uma classe que se apropriava do
conhecimento para cobrar mais caro por seus serviços. E é assim até
hoje.



EXTREMAS DIFERENÇAS DE SALÁRIOS
Nos dias atuais, por exemplo, um técnico estuda (desde a meninice) 11
anos para adquirir o seu diploma de técnico em refrigeração. Após dois
anos de alguns pequenos cursos de especialização, começa a trabalhar
ganhando, digamos, 2 salários mínimos (em torno de R$920,00, em 2009). Um
porteiro de um edifício que exige o 8º ano do primeiro grau começa
ganhando um salário mínimo. Ou seja, porque um estudou 3 ou 4 anos a
mais que o outro, tem o aparente direito de receber o dobro,
mensalmente, pelo resto de sua vida, digamos por longos próximos 50
anos (considerando que esta diferença continuará a existir) e que
neste exemplo hipotético os dois não prosperam em suas possíveis
carreiras.

E há, ainda, comparações mais extremadas. Se o referido técnico
continuasse a estudar mais uns 6 anos, terá a socialmente aceita
remuneração mensal (inicial) de 4 salários mínimos.

Na matemática : 8 anos de estudo : 1 salário/mês(inicial) por 50 anos
                       12 anos de estudo : 2 salários/mês(inicial) por 50 anos
                       18 anos de estudo : 4 salários/mês(inicial) por 50 anos.

Há dois problemas aí : O primeiro é que a proporção não está correta.
O último estudou um pouco mais que o dobro em relação ao primeiro,
porém vai receber 4 vezes mais.

O segundo problema é que estes valores defasados não são por um tempo
limitado, mas por toda uma vida, o que torna a diferença um montante
final exorbitante.

A correlação é relativa. Portanto, para entender, não imagine
profissionais que se iniciam e progridem em suas carreiras. (pode até
ser, desde que se entenda os três profissionais progredindo igualmente
em cada uma de suas carreiras) A comparação faz sentido quando se
refere à profissão e não a um determinado profissional.

Entre os trabalhadores autônomos, os liberais, os micro-empresários e os empresários, a realidade é a mesma, pois valoram seus ganhos de acordo com a valorização excessiva de seus dotes, sejam de esperteza, inteligência, capacidade de liderança, conhecimentos, etc, excluídos os lucros necessários à manutenção dos meios de produção e dos capitais de giro, seja entre empreendimentos capitalistas ou cooperativos.




A APROPRIAÇÃO ATUAL NO MERCADO DE TRABALHO
Enfim, o que ocorre, na verdade, é que, até em nossa sociedade dita
evoluída, o instinto da apropriação domina as relações do "mercado" de
trabalho
. E essa apropriação está diretamente ligada ao argumento da
preservação da classe social. O técnico e sua esposa dizem assim, sem má fé,
: "É justo, e precisamos ganhar dois salários para pagarmos nossas contas e
comprarmos nossas coisas que custam o dobro das contas e coisas do
porteiro e sua família"....Esse argumento é uma ilusão, um sofisma !!
As pessoas não são conscientes deste falso patamar, mas esta é a
realidade. Nos dias de hoje, as diferenças exacerbadas e distanciadas
de ganhos parecem justas e são consideradas normais.



O SENTIDO DA APROPRIAÇÃO
O sentido de apropriação do conhecimento é este : "Quero e só aceito
ganhar tanto porque sou proprietário deste conhecimento" . "Se tenho a
posse dele, sou o proprietário"....Esta afirmação é mais um sofisma :
O conhecimento é sempre adquirido, ou seja, foi absorvido de fora para
dentro. O conhecimento profissional é, quase em sua totalidade,
recebido de um professor, de um mestre, de alguém que ensinou. Por
outro lado, este professor também aprendeu com outro e assim
sucessivamente retroagindo aos vários estágios de aquisição antiga do
conhecimento. Um novo conhecimento é sempre agregado aos existentes, e
o enriquece.



QUESTIONANDO A PROPRIEDADE INTELECTUAL E ARTÍSTICA
Mesmo os conhecimentos criativos, ou seja, aqueles que os sábios,
artistas e cientistas adquirem , não são genuinamente deles mesmos,
pois estes dons (inspiração, inteligência) eles não conquistaram :
foram-lhes concedidos generosamente pela natureza (ou por Deus).
Portanto, se um artista ou um pesquisador disser : " Isso que criei é
meu", não estará dizendo a verdade. O cientista, ou o artista, apenas produziu algo de novo a
partir de dotes naturais não adquiridos e da utilização de elementos
criados ou desenvolvidos por outros.




A QUEM PERTENCE O CONHECIMENTO ?
Enfim, o conhecimento, como um todo, é como um rio que nasce pequeno e
que cresce e flui à medida que regatos e riachos vão nele se
desaguando. No final, de quem é a água do rio ?.... Da primeira nascente ? Do primeiro regato que desaguou ? De um determinado riacho afluente ?.... De nenhum deles. A água, nem ao rio pertence. Talvez ao mar....Ou mesmo nem ao mar, à atmosfera....Na analogia, o conhecimento
humano é propriedade de todos os seres humanos !!



PORQUE, ENTÃO, AS EXTREMAS DIFERENÇAS ?
Como pode, então, uns ganharem absurdamente mais que outros só porque
deteem um certo grau de conhecimento ? Como vimos, este comportamento
é de origem instintiva e animal. É o instinto de apropriação.

Mas será que nós, humanos, devemos ser sempre assim ? Parece tão
normal !!... Porém é egoístico, é apropriativo e, sob um certo ponto
de vista, é até mesmo uma apropriação indébita.



PODEMOS OPTAR POR OUTRA FORMA
Temos o poder de entender estas influências naturais e, em seguida, o
poder de decidir tomar outro caminho. Podemos "reprogramar" nossas
bases individuais e sociais a fim de que não mais permitam a
apropriação.
É uma questão de opção. Podemos optar por um mundo onde
seres humanos realmente civilizados distribuam mais equitativamente o
resultado final de todas as suas conquistas e atividades produtivas.


RELAÇÃO ENTRE O INSTINTO DE APROPRIAÇÃO E A ECONOMIA
É isto !! Apropriação de recursos naturais e de conhecimentos. A
correlação com os extremos de riqueza e de pobreza e o desejo de "Um Mundo Sem Dinheiro" é evidente : a apropriação de bens e de serviços. Nesta base
primitiva é onde se alicerça quase toda a estrutura econômica atual.

As economias "solidária e compartilhada" principiam a adiantarem-se na adoção do dinheiro virtual, caminho inexorável a ser seguido pela economia da sociedade tecnológica. Percebe-se facilmente que o ruim não é o dinheiro, mas o uso que os homens fazem dele.




MUDAR
Vamos mudar isso ?....Para relações  que respeitem os iguais direitos
de todos os seres aos recursos da natureza e para relações que também
respeitem a origem "desindividualizada" de todo conhecimento ? Apenas
pessoas com esta consciência poderão vivenciar uma sociedade realmente
justa !!

Luiz A. V. Spinola - Publicado inicialmente no grupo Ecovilas
E também no grupo Ambiente Ecológico - Ecovilas
Lagoa real - BA, 27/10/2009
Publicado novamente, com melhorias, neste blog, Ambiente Social - blog, em 18/02/2015


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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O DIREITO À ÁGUA, AO AR, À TERRA, AO ESPAÇO E À LUZ SOLAR - Diferença entre pagar pelos serviços de bombeamento de água e pagar a própria água - Um problema global - Crise Mundial da Água - Diretor da Nestlé, o austríaco Peter Brabeck faz declaração que a água não é um direito humano - Relação com as cotas especiais a estudantes negros e indígenas - A questão é econômica e não racial ou à gratuidade dos elementos da natureza - "A apropriação e a privatização dos elementos da natureza já existe e as diferenças econômicas das classes sociais é a estrutura que possibilita a dificuldade ou impossibilidade da maioria das pessoas obterem pelo menos a sua merecida cota a cada elemento básico da natureza"




O DIREITO À ÁGUA, AO AR, À TERRA, AO ESPAÇO, À LUZ SOLAR
E A SUA RELAÇÃO COM AS DIFERENÇAS ECONÔMICAS DAS CLASSES SOCIAIS





Foto : Assim como se admite o direito da cobrança dos serviços de purificação e refrigeração do ar, deve-se também admitir o princípio da cobrança aos poluidores, incluindo as indústrias e os veículos. O princípio da gratuidade dos elementos da natureza, inclusive os minerais, advêm do fato de que ninguém nada fez para a sua existência, e são, pois, essenciais à vida.



PAGAR A ÁGUA OU OS SERVIÇOS DE OFERTA DE ÁGUA ?
Parece que falta clareza da própria lei em relação ao que é o direito
ao acesso facilitado aos elementos da natureza e o que é a cobrança
para se obter este acesso. É claro que você vai a um shopping, por
exemplo, e paga indiretamente pela grande quantidade de ar
condicionado que há em seus corredores. Também as contas de água
necessitam explicitarem que o usuário paga pelos serviços e custos
para bombeamento, tratamento e distribuição, e não pela água.


O ERRO É VENDER A TERRA
O patente erro histórico atual reside na posse valorada da terra e não
na exclusiva valoração das benfeitorias nela existentes, ou seja, o
erro é vender a terra e não o trabalho ou materiais nela depositados.
O mesmo raciocínio se aplica à água, ao ar, ao espaço e à luz solar. 



SIMILARIDADE COM AS COTAS ESPECIAIS A ESTUDANTES
Mais uma vez, e de forma similar à questão das cotas especiais a
estudantes negros e indígenas, o problema maior - que é o desnível
econômico - fica relegado ao esquecimento, enquanto se discute o
inquestionável : negros devem receber cotas especiais para estudarem
nas universidades, não porque são negros, mas porque seus antepassados
foram escravizados e hoje experimentam, em sua maioria, a exclusão
econômica. Um jovem negro rico não deve receber cota especial,
enquanto que um jovem branco pobre, deve, ou mecanismos devem ser
implementados - para além do ENEM - com o objetivo de garantirem o
acesso equânime às universidades, tanto de indivíduos ricos, como de
pobres.


De forma parecida é o acesso à água, ou ao ar refrigerado dos
shoppings : os ricos poderão comprar mais serviços que bombeiam
água(ou ar), inclusive em locais de escassez onde os preços se elevam
devido ao transporte, e os pobres, não. 


PRIVATIZAÇÃO DOS ELEMENTOS DA NATUREZA
A apropriação e a privatização  dos elementos da natureza já existe, e as diferenças econômicas das classes sociais é a estrutura que dificulta ou impossibilita que maioria das pessoas obtenham pelo menos a sua merecida cota a cada elemento básico da natureza. 


O texto acima é um comentário sobre a declaração do diretor da
Nestlé, o austríaco Peter Brabeck, de que a água não deve ser um
direito humano e que deve ser privatizada, feito no Facebook :
https://www.facebook.com/luizantonio.vieiraspinola.1/posts/972094506152881?comment_id=972387022790296&offset=0&total_comments=1
Notícia :
http://www.portalmetropole.com/2015/01/presidente-da-nestle-diz-que-agua-nao-e.html?m=1


Luiz, 20 de jan/2015



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